Mas é preciso ficar claro que o mundo que muda é o mundo do homem, isto é a sociedade em que está integrado: tomando-se a palavra "mundo" em sentido absoluto, não é exato que mude aproximadamente, em cada quinze anos; visto que - até hoje - não se constitui uma sociedade com único sistema de vigência. Varia quase sempre muito pouco o sistema de vigência de uma sociedade. Articulação sumamente precisa do tempo histórico, que em lugar de ser retilíneo é ondulatório. Esta circunstância temporal é aplicável ao vulto que entre nós revelou-se logo cedo, no limiar de sua juventude, um homem de capacidade intelectual acima da linha média. Nietzsche conceitua filosoficamente: "Avida não é argumento - Armamos para nós um mundo, em que podemos viver - ao admitirmos corpos, linhas, superfícies, causas e efeitos, movimento e repouso, forma e conteúdo sem esses artigos de fé ninguém toleraria agora viver... Mas com isso ainda não nada de demonstrado. A vida não é argumento; entre as condições da vida poderia estar o erro". certo - se houver erro o Gênio Alemão que nos perdoe. Contudo, afirmamos sem rebuços que: Abdisio Vespasiano - pertenceu a tradicional família e veio ao mundo aqui na Suíça do Nordeste como gostava de chamar a nossa Garanhuns. Foi aluno do professor Arthur Maia (Escola Raul Pompeia) frequentava com assiduidade à casa do poeta e "joalheiro da frase". Juntos fundaram revistas e jornais. Abdisio Vespasiano organizou e dirigiu a parte intelectual do Álbum de Garanhuns, fonte pura da história da nossa terra. Revelou-se com essa iniciativa um publicista notável. No sentido de projetar o nome de nossa terra, mantinha correspondência com quase todos os intelectuais do Agreste Meridional. Os mais destacados no mundo das letras eram por ele indicados como correspondentes e colaboradores do Álbum de Garanhuns. Jornalista criativo e arrojado. Depois de se considerar capaz de enfrentar o mundo intelectual da época. Alçou um voo e foi pousar com segurança na imprensa do Rio Grande do Sul.
De lá sempre se comunicava consultando os sábios ensinamentos do seu velho amigo e mestre. Nesse sentido muitos comentários se ouviram. Era natural porque soube consolidar a sua amizade. Havia uma admiração mútua. O aluno amava respeitosamente o mestre e por si, o autor de "Maio" sentia uma pontinha de vaidade em ter sido professor de Abdisio. Não compreendia que se pudesse alcançar um objetivo qualquer sem a certeza daquilo que se quer. Discreto, calmo, até mesmo tranquilo.
Não era facilmente afeito ao diálogo. esperava ser abordado para se interessar no assunto. Observava atentamente o comportamento das pessoas. A sublime faculdade de escutar era uma integração de sua personalidade. Desse modo também se autoanalisava. Tentava penetrar nas cogitações de seu mundo íntimo. Era um perfeito cavalheiro, homem de fino trato e de alta e fina sensibilidade.
Entendemos que as coisas e a conduta moral dos homens devem ser investigadas. Para se investigar, observar, necessita-se de luz, essa luz é a vigilância constante. A conceituação que se deve fazer, das ideias e do nossos semelhantes, deve obedecer um critério digno.
Abdisio Vespasiano - é uma dos vultos de nossa Petrópolis Pernambucana - logo cedo tornou-se digno de estima e consideração do mundo intelectual em que viveu. Não é do nosso conhecimento se alguns dos nossos políticos pretenderam perpetuar o seu nome. Talvez não.
*Dr. José Francisco de Souza / Grandes Vultos de Garanhuns / Advogado, jornalista e historiador / Garanhuns, 09 de julho de 1977.
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