Pedro Maia trabalhava com o irmão Deusdedith numa grande mercearia do centro da cidade, na Avenida Santo Antônio. Lembro-me bem dele nessa época: comprido, magro, vasta cabeleira negra, muito tímido no falar e modesto no agir, atitudes estas que o caracterizariam toda a vida. Morou em diversos lugares: Na Rua Santos Dumont, na 13 de Maio, na Rua do Recife (Dr. José Mariano) e em outros. No tempo do Colégio Quinze, estudara com Bety, minha outra irmã, Dinah, outra, que veio a se casar com Polion Gomes, também moço de Garanhuns. Da sua turma pedro tinha como amigos: Geronço, Ozires, Venceslau, Polion, Beneen, Augusto Pinto, Erasmo Vitalino. Da sua turma também ainda fazia parte seus irmãos Deusdedith e José Maia. Sobrinhos como José Yaponan, Waldimir (Vadô), Ronildo eram das gerações mais novas. Pedro Maia a essa época gostava muito de jogar bilhar e Snooker. Aliás da AGA foi membro, Diretor e Conselheiro durante muitos anos, tendo inclusive jogado na mocidade um razoável futebol. Mas era de voleibol que gostava de jogar e jogava bem, face a sua altura. Embora não cantasse, era um grande amante da música, especialmente das Serestas cantadas pelo cancioneiro de Garanhuns, Manoel Teles. Apreciava igualmente Augusto Calheiros e o "Rei da Voz" Francisco Alves, além de Nelson Gonçalves e Carlos Galhardo. Sempre estava a cantarolar as músicas destes cantores.
Filho do conhecido homem público Tomaz Maia que foi prefeito na década de 1930, Pedro tornou-se figura conhecidíssima de Garanhuns, quando começou a trabalhar na então delegacia do Imposto de Renda. Seu emprego conseguido por recomendação do Dr. Costa Porto, político de influência na área Federal. Nunca dele se aproveitou para tirar vantagens de qualquer natureza. Foi sempre muito rígido e correto no seu trabalho, tendo comportamento exemplar nas suas atitudes.
Pedro Maia, nunca desejou se afastar de Garanhuns, embora tivesse tido muitos convites para ocupar outros postos no Imposto de Renda de outros Estados. Preferiu sempre ficar apegado à sua terra. Quando ia ao Recife, era por poucos dias, ou até horas. Não suportava o calor e o movimento das ruas; preferia a tranquilidade da Avenida Santo Antônio, ou a calma do recesso do seu lar, ou o frio de Garanhuns e as conversas com amigos à noite, no então Café Glória e em outros pontos. Pedro Maia, conhecido de toda Garanhuns, foi ao longo dos 70 anos de sua vida, um pacato cidadão, de voz mansa, amigo e prestativo para todos. Rendo portanto a minha homenagem póstuma ao cidadão Pedro da Silva Maia, o conterrâneo, o amigo de todos nós, o meu tipo inesquecível.
*Marcílio Reinaux / Escritor, cerimonialista, desenhista, historiador e jornalista / Recife, 01 de Novembro de 1986.
Foto: Time do Colégio 15 de Novembro - Pedro Maia, Agilberto Azevedo e outros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário