O aludido certame recebeu o apoio de algumas das firmas do comércio local e foi patrocinado pela Associação Garanhuense de Imprensa - AGI - e o Jornal de Garanhuns.
Com a morte de um de seus concorrentes, o concurso foi momentaneamente paralisado, só dando continuidade poucos meses depois com denominação oficial "Concurso de Trovas Poeta Alfredo Rocha", numa homenagem póstuma ao saudoso Poeta.
A comissão destinada a julgar os três melhores trabalhos foi constituído pelos intelectuais: Dr. Aurélio Muniz Freire, Dr. Duque Sampaio e o Presidente da Academia de Letras de Garanhuns o Dr. Rilton Rodrigues da Silva, os quais na última reunião do Grêmio, proporcionaram os seguintes resultados:
1º lugar - Poeta Maurilo Matos (foto), que usou o pseudônimo "PARATAGI";
2º lugar - Poeta Alfredo Rocha (falecido), que usou o pseudônimo "ERASTO";
3º lugar - Poeta Maviael Medeiros, que usou o pseudônimo "MANOLO GASPARINI".
Transcrevemos abaixo os trabalhos classificados:
1º Lugar
Maurilo Matos
Nem mesmo a tal solidão
Tolera viver sozinha,
Por isso num coração
Covardemente se aninha.
A solidão atormenta
Numa progressão gozada,
Pois quanto mais ela aumenta
Mais enche a gente de nada.
Da solidão me avizinho
Quando escuto esse ditado:
"É melhor viver sozinho
Do que mal acompanhado".
A solidão para mim
É um toquinho de vela
Queimando sem ter mais fim
E alumiando só ela.
A solidão é um mal
Que doí lá dentro da gente
Como a presença real
De alguém que se encontra ausente.
Ó solidão tenha dó
Desse pobre que aqui chora
Doidinho pra ficar só
E você não vai embora.
2º Lugar
Alfredo Rocha
Ninguém é só nesta vida,
se for capaz de entender,
que a solidão é medida
para a alma engradecer.
É preferível, na vida
a mágoa da solidão,
à falsa mão estendida
que nos oculta a traição.
Que mistério extraordinário
em seu sentido profundo!
O sol, astro solitário,
traz vida a todo este mundo.
Tal como o rosto que oculta
as mágoas da solidão,
o riso nunca sepulta
o tédio da solidão.
Longe do grande tumulto
que a vida me propicia,
convivo só, com o meu vulto,
entre as tormentas do dia.
A solidão tem mistério
de estranha interpretação,
é flor sobre o cemitério,
que dá seu perfume em vão.
Um beijo, depois... saudade
de um grande Bem que passou.
Partiu felicidade
quando a solidão chegou.
Vi em teus olhos um dia,
promessa de amor, paixão;
mas foi tanta fantasia
que me trouxe a solidão.
São noites longas, vazias,
as do ser que vive só.
São ais e melancolias
tragadas vida de um Jó.
3º Lugar
Maviael Medeiros
Cismava ao léu um poeta
ao langor da noite calma,
cantando com voz de esteta
uma das músicas d'alma.
E na lira da ilusão
vibrava sem ter fadiga,
uma sublime canção
à solidão sua amiga.
E seu eco, por mudez,
na vastidão se perdeu
e por sua pequenez
o véu do tempo escondeu.
Busquei nas noites vazias
Cada memória vivida,
dos meus mais felizes dias
que tive na minha vida.
E nem frenesi silente
perscrutei com devoção
no meu cerne, incontinenti,
a paz do meu coração.
Quando então compreendi
a grande necessidade
da solidão que vivi
para a minha liberdade.
Fonte: Jornal O Monitor / Garanhuns, 22 de abril de 1978.
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