Letícia Duarte de Oliveira
Olha a maca-macaxeira,
molinha, molinha,
papinha, papinha
dizia o vendedor,
com orgulho e com amor,
produto tirado da roça,
que era vendido com muita alegria.
Melou, melou, melou
dizia o vendedor de mel
com um cilindro redondo
carregando no seu ombro
com a profissão que Deus lhe deu.
Miúdo, miúdo, dizia o vendedor,
vendendo víscera de boi
em um caixote que ele improvisou
tripas, fígados, língua e rins,
até mesmo o mocotó
era vendido nas costas
dos homens trabalhadores.
Havia também os mascates
que empurrando uma carrocinha
vendia todo tipo de objetos
botão, elástico e linha,
tecido, agulha de tricô,
dedal, bico de renda e agulhinha.
Sei disso porque o meu pai
fala com muita saudade
e com certa vaidade
de ter alcançado esta profissão
que hoje não volta, não
foi ficando para trás
pois ninguém não lembra mais,
das coisas de antigamente
Mas o meu pai ainda sente,
saudade do que ficou para trás.
Garanhuns | 2007
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