Eis algumas palavras ditas sobre o infausto acontecimento por parte de Luiz Souto Dourado, outro garanhuense de grande valor publicada no seu artigo "Um Prefeito de Garanhuns" e que mais tarde sairia publicado no livro "Garanhuns Ano 100", em homenagem ao Centenário desta cidade ocorrido a 4 de fevereiro de 1979:
"O último dia do ano não é último dia do tempo, disse Drummond. Mas para Aloísio Souto Pinto foi. Mal surgia 1969 um sentimento de frustração, de perda, vinha abater a euforia, a esperança no novo ano.
Estava ainda na Missa, quando soube da notícia. E assisti aquela multidão deslocar-se para a casa dele, para aquela mesma casa para onde fora tantas vezes levar Aloísio, depois das suas vitórias. Na verdade, ele fora um íntimo do povo e das vitórias. Já estava acostumado com o calor de ambos. A derrota para ele era um choque insuportável, uma dor imensa. Um ano novo, um novo dia, não mais lhe interessava".
"No meu entender, Aloísio não foi propriamente um coronel, com postura e o poder dos coronéis da política de antigamente. Foi mais um líder popular, com a casa sempre aberta a uma invulgar disposição do interferir em favor do amigo, de ajudar os humildes".
"Reconheço que Aloísio era um telúrico. Dominava-o um estremado sentimento da terra, das causas da sua terra. Na seleção da cidade, jogava na defesa, como se alguém pretendesse tomar-lhe a cidade.
Nas passeatas do Diocesano, desfilava a cavalo, como se defendesse uma cidadela.
Sabendo e sentindo tudo isso, inaugurei o seu retrato na Estação Rodoviária, que concluímos. Dei o seu nome ao trecho da praça, que ele iniciara mas não pudera terminar.
Procurei assim do seu nome fazer sempre uma lembrança. Aliás, muito fácil para quem deixa o nome no coração do povo".
Aloísio, na ajuda aos seus pais, mascateou muito por estas bandas, inclusive a cavalo. Foi jogador de futebol amador, onde não predominavam o vil metal. Depois, ficou apitando jogos de futebol aqui e noutras cidade. Antes também de ser industrial na rua Dom José com fabrico de vinho e gasosas, foi também observador meteorológico (Ministério da Agricultura).
Na política pertenceu ao diretório da UDN, dando novas roupagens no dizer do advogado José Francisco de Souza após sua brilhante vitória derrotando seu adversário por quase 70% da votação no pleito de prefeito de Garanhuns (1959). Antes, fora eleito vereador em duas legislaturas, sendo Presidente da Câmara. E por ser Presidente desse Poder, assumiu as rédeas do município por dois meses substituindo o Dr. Celso Galvão que fora para o Rio de Janeiro, a tratamento de saúde.
Também por duas legislaturas foi deputado estadual. A primeira pela UDN e a segunda pela Arena.
Aloísio Pinto nasceu em 6 de agosto de 1914, na cidade outrora chamada "Palmeira de Garanhuns", hoje Palmeirina.
"Em todos os setores de sua vida pública e privada, Aloísio foi grande prefeito. Basta dizer que na sua gestão o município de Garanhuns era composto de sete distritos (Paranatama, Caetés, São João, Brejão, Miracica, São Pedro e Iratama). Ele governou nossa terra com o dinheiro de Garanhuns do seu povo e todas suas prestações de contas teve o beneplácito do Poder Legislativo".
Através de projetos de Aloísio Souto Pinto, Caetés e Paranatama ficaram independentes. Brejão e São João, foram emancipados também graças aos deputados João Calado Borba e Elpídio de Noronha Branco, respectivamente.
Na hora de sua morte, abraçado ao filho mais velho, o hoje economista Fernando Antônio de Siqueira Pinto, perguntou este porque a luz tinha se apagado (Nesta cidade é velho costume apagar as luzes a meia noite e depois voltar, já no novo ano). Fernando respondeu, com ares de quem estava prevendo o fim do pai, respondeu: "É meia noite. A luz se apaga e depois acende". Aloísio ficou pensativo e Fernando perguntou: "O Sr. está pensando em quem"? E Aloísio já morrendo pronunciou suas últimas palavras: "Estou pensando na família" e neste momento de despedia para o outro lado da vida "onde nunca morre" no dizer do querido professor Uzzae Canuto.
Aloísio Souto Pinto - é um inesquecível benfeitor de nossa e sua Garanhuns. Um dos vultos de nossa cidade que lutou e venceu em todos os setores da sua vida política e social", como bem disse o Dr. José Francisco de Souza, esse valor cultural desta terra.
Elevar e engrandecer a figura de Aloísio Pinto, é enaltecer a terra dos "Mochileiros" da qual ele fará sempre parte, mesmo depois de morto.
Em qualquer parte deste município, existe um marco, uma obra deste valoroso homem, pela grandeza da sua terra e da sua gente! Esta é a verdade. (Texto transcrito do jornal O Monitor de 31 de dezembro de 1988).
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