Poucos pássaros no caminho, tendo em vista o tempo chuvoso. Mas "Cróvi" não pode evitar: um passarinho, Papa-Capim, cruzou seu caminho e, como a visibilidade para ambos era ruim, a pequenina ave chocou-se no peito de "Cróvi" e caiu na lama desfalecido.
Sensibilizado com o incidente, defensor da Natureza, consciente da importância dos pássaros na manutenção da ecologia, voltou apanhou o pássaro, viu que ainda respirava, o agasalhou num lenço, colocou-o no bolso do capote e apressou as pedaladas para chegar em casa depressa e tentar salvar a vida do frágil e encantador ser vivo. E assim o fez. Ao chegar em casa, mandou a mulher cuidar de pegar as compras e foi logo providenciar mercúrio cromo pra tratar do Papa-Capim.
Feito o curativo, agasalhou a ave num pequeno pedaço de pano, o pôs numa gaiola velha, do tempo de criança, quando pensava que era justo criar pássaros aprisionados e disse para si mesmo: - o bichinho vai ficar bom, vou soltá-lo para a vida livre que todo ser vivo tem direito.
"Cróvi", passou o resto do dia, vez por outra, indo até a gaiola e conferindo, assim foi até o anoitecer. Ao deitar-se, deu outra conferida, percebeu que a avezinha, ainda respirava. Antes de dormir, até rezou pela pronta reabilitação, fazendo até promessa, caso seu intento fosse bem sucedido.
Deixou um candeeiro aceso, parto da gaiola, para que o passarinho não sentisse frio e foi deitar-se...
Pela madrugada, acordou-se com a mulher lhe chamando, agoniada, dizendo que o passarinho estava chorando, na gaiola!
Mais que depressa, "Cróvi", levantou-se e foi ver o que estava acontecendo. Quando chegou perto da gaiola ouviu os prantos dos Papa-capim.
É que, segundo Augustinho, o passarinho quando se reabilitou, se pôs de pé, e viu que estava preso, deduziu: Minha Nossa Senhora, tô preso, matei o homem da bicicleta!
*Augusto Teixeira Filho (foto), popularmente conhecido como "Augustinho", tinha um bar e restaurante na rua Ari Barroso, lado esquerdo do antigo Fórum de Garanhuns. Augustinho faleceu em julho de 2012, deixando sua poesia, os seus causos e o abraço amigo.
*Rocir Santiago | Garanhuns, junho de 2002 / Jornal O Monitor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário