Paulo Gervais
Ó
o que vem abaixo, exaurindo morros e atirando pedras
O que alça voo por canais de esgoto
e desolação intratável
e engorda camundongos até a pachorra
e levanta urubus até o céu!
Branca branca areia céu azul azul!
Ó
o que há de pau
a pique de madeira sem peso
nessas jangadas de velas abertas enfunadas
fazendo sinais de empresas bem sucedidas!
O que há de homem à deriva e navios atracados
que já não tentam o alto mar!
Ó
o que se faz em barro cru, urgentemente
em taipa
e abate voos com finas taliscas.
De braços com uma jardineira enfeitada e velha,
passageiro,
vês os jardins pela janela do ônibus que foge
e fugir a moça bonita, fugir o farol, o mar fugir
reduzindo a um instantâneo
e esgotar-se
a água, a doçura íntima,
e crescer
duro
o coco, vazio e cascas
e ruir castelo e romper-se o dique
que alevantaste para afrontar as marés.
E o mar passar, atlântico, maior
que as lentes da tua máquina.
Garanhuns, 03 de maio de 2022.
Nenhum comentário:
Postar um comentário