Antes de se transformar em Praça Sérgio Loreto, o início da Rua do Recife, tinha um "chafariz", que abastecia de água potável grande parte da cidade. Era uma feira permanente de burros e jumentos com as suas "caçambas", carregando quatro latas de água de cada vez (latas de querosene Jacaré), preparadas para a condução de água para as famílias de Garanhuns.
Quando das festas da vitória da Revolução de 1930, a praça, mudou de nome para João Pessoa, em homenagem ao líder revolucionário do Norte, assassinado no Recife, no antigo Café Glória, na Rua Nova. Na falta de um busto de bronze, foi ali colocado de imediato, um retrato de João Pessoa, e era o local escolhido para os comícios e todas as manifestações políticas de vulto.
Assistimos à inauguração do busto de João Pessoa, que foi um presente de João Tude de Melo.
Noticiado o acontecimento, o Diário de Garanhuns, edição de 15 de outubro, assim se manifestava.
"INAUGURAÇÃO DO BUSTO DO ILUSTRE PRESIDENTE JOÃO PESSOA - Foi inaugurado ontem, às 17 horas, na ex-praça Sérgio Loreto, o busto do inolvidável Patriota e Mártir Presidente João Pessoa.
Àquela hora, era grande a multidão que enchia a praça. O intelectual Reynaldo Lins fez em breves palavras a apresentação da senhorinha Dulce Maciel, segundanista do curso Normal do "Colégio Santa Sophia", orador oficial, que leu um bem elaborado discurso. Em seguida, usou a palavra o poeta Leopoldo Lins, que produziu um belo discurso. A senhorita Jara Burgos, recitou com muita arte, "Pátria", poesia de Hemetério Cabrinha.
Todos os oradores foram aplaudidos entusiasticamente, pela grande multidão. Abrilhantou o ato a banda de música "Independente", que executou o Hino Nacional, além de marchas populares. O busto, que é em bronze, foi oferecido pelo Sr. João Tude de Melo. GRANDE PASSEATA - Após a inauguração do busto do grande presidente João Pessoa, na praça do mesmo nome, a enorme massa de povo que estacionava ali, a convite do jornalista e poeta-soldado Leopoldo Lins, movimentou-se em passeata, pelas ruas da cidade, obedecendo à seguinte ordem: Banda de Música Independente, normalistas do Colégio Santa Sophia, conduzindo a Bandeira Nacional, com guarda de honra, formada pelos soldados do exército e atiradores do Tiro de Guerra 45, alunos do Ginásio de Garanhuns, e o povo.
À passagem da passeata pela frente do consultório do Dr. Tavares Correia, assomou a uma das janelas do sobrado o orador popular Uzzae Canuto, perorando cerca de 30 minutos, numa linguagem incisiva e patriótica, arrancando da multidão frenéticos aplausos. Dalí remou a grande onda pela frente da Matriz, subindo a avenida Luiz Correia e descendo pela Rua José mariano até a Praça João Pessoa, sempre ao som do Hino pernambucano "A Vassourinha", e ruidosamente vivados os vultos nacionais e a revolução.
Ali chegando, Josemyr Correia, agradeceu o gesto da população e convidou-a a comparecer ao embarque dos pioneiros do Tiro de Guerra 45, que seguirão hoje para Maceió, dando por finda a passeata".
Verifica-se que, após a inauguração, ocorreu também uma passeata onde vários oradores se fizeram ouvir, inclusive Uzzae Canuto, estudante do "Seminário Evangélico" e orador fulgurante.
A notícia chama Uzzae Canuto de "orador popular", título que não foi muito do agrado do jovem e futuro professor, pois o mesmo "Diário de Garanhuns", na sua edição de 16 de outubro, publica em sua 3ª página, em destaque, a notícia: "RETIFICAÇÃO - O Sr. Uzzae Canuto veio a esta redação dizer não ser orador popular, e sim orador sacro. Aí fica a retificação".
Em verdade, Uzzae Canuto, mais tarde, uma das figuras mais atuantes entre os intelectuais de Garanhuns, professor, jornalista e pastor presbiteriano, não quis ser chamado de "orado popular' e fez a retificação "sou orador sacro". (Alfredo Vieira | Garanhuns do Meu Tempo |1981).
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