domingo, 28 de abril de 2024

Outra vida

José Francisco de Souza

Dr. José Francisco de Souza*

O mundo mental de hoje vive condicionado por acontecimentos tristes. Os quadros  se repetem e os olhos se cansam. Não se descobrem coisas previstas ou previsíveis. A criatividade feneceu. O exemplo moral confunde o comportamento de certos artistas. Por isto, a paixão de Cristo ainda é um simples espetáculo visual. E nada mais. A morte do Salvador é uma repetição de cenas coordenadas. Ainda não se deslumbrou a grandeza de  sua mensagem. Mensagem transmitida pelo poder do Verbo. Palavras de vida e fé. "Eu sou a luz do mundo e o cego viu a luz do dia". Jesus a personificação da verdade viveu integralmente a missão que escolhera. O entendimento vulgar não é capaz de sentir o conteúdo da verdade. A encarnação do meigo Rabi é a fixação de um conjunto de bondade, paz, caridade e amor. Não é história do passado. É a realidade de todos os tempos. O chamado povo eleito não acolhe a sua presença. E os que o hostilizam são os dirigentes desse povo, os sumo sacerdotes do Templo e os Fariseus das Sinagogas. Na sua peregrinação escassos frutos se produziram na Galileia. O fanatismo exigiu demais do seu talento. Exigia-se, como hoje o testemunho da fé pelo milagre. E por isso abandona e retira-se para a Judéia e para a capital, Jerusalém. Aqui a perseguição foi maior e sistematicamente organizada. O mundo casuístico da cultura judaica sentiu-se abalado. As massas forçavam as paredes do Templo. O Reino de Deus é aquele que foi anunciado pelos antigos profetas de Israel, e cujo arauto seria o Messias prometido. O mestre pregando o Reino de Deus tinha consciência do seu ministério. Procurou sempre evitar que as turbas, vibrantes de esperanças messiânica políticas, o acolhessem como um caudilho nacional, e sua doutrina como programa político. Nesse sentido sua tarefa foi dificílima. A mentalidade sistemática da revolta política era  a figura de Barrabás. Este incendiário das aspirações das massas pretendia ocupar e destruir o poder romano por meio de vingança e ódio. Sentia-se injustiçado. A vitória de Cristo no meio da multidão era uma viva esperança da realidade de seus propósitos. Entre os dois reinos a guerra era implacável. Nenhum deles cessará o combate sem a destituição do poder. Era a disputa do mundo político. Só que eles não entenderam que o Reino de Cristo não é desse mundo.

Quando Jesus falava da vitória sobre o Mal eles entendiam a vitória sobre os romanos. Não objetivaram os termos espirituais da psicologia reformista do Nazareno. 

A antítese do Mundo, assim a instituição que fundou continuará uma negação do mundo em que dominam as guerras, a opressão, a mentira e o egoísmo. A prisão e o julgamento de Jesus, a justiça do Sinédrio se revelou por meio de um pobre espírito, o traidor. Judas, pálido, olhos febris e terrivelmente angustiado pelas acusações que se avivam de modo cruel pela sua delação. E quase inconsciente do que fazia, apanhou a bolsa de moedas, mas num gesto alucinado e num grito cruciante da própria alma, atirou-se com horror aos pés do esbirro, fugindo loucamente por entre a luxuosa cortina de veludo do Salão de Caifás.  Judas foi vítima  de circunstâncias adversas que a sua fraqueza moral não conseguiu resistir. Aquilo que tem de ser feito deve se fazer rápido. Caifás possuía mil razões para depois justificar a convocação da Pequena Corte". Naquela noite, mas ainda tinha um voto favorável a Jesus, o que então deixaria em suspenso qualquer decisão ou a sentença proferida até isso ser destituído na "Alta Corte". Se isso acontecesse, o Rabi da Galileia escaparia de morrer antes da páscoa e dificilmente seria sentenciado à morte, pois ele ainda gozava de grande prestígio entre o povo e a simpatia geral. Terminava amolecendo aqueles velhos  senis do grande conselho. Assim tudo ficou consumado e Cristo foi condenado a morte na cruz.

A sua ressureição não foi presenciada por ninguém. Foi contudo uma verdade constatada pelo seguinte diálogo: Maria de Magdala voltara ao sepulcro e vê em pé um homem sobre o qual sequer fixa o olhar, absorta como está nos seus pensamentos, e crê tratar-se do jardineiro do lugar. Diz-lhe o homem. "Mulher, porque choras? Quem procuras? Ela responde: "Senhor se foste Tu que o levaste, diz-me onde O puseste, e eu O irei buscar". E o HOMEM ERA JESUS. Reconhecendo o Mestre Maria lança-se a abraçar-lhe os pés. Mas Jesus diz-lhe "Não me deves tocar, porque ainda não subi ao Pai". A morte não existe. É um susto. Ela só existe para quem não encontra em plena consciência da imortalidade de sua alma. DEUS é a vibração de amor no filho que pela mesma faixa se unia e JESUS nesta e na OUTRA VIDA. (*Advogado, jornalista e historiador | 25 de abril de 1981).

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