sexta-feira, 29 de março de 2024

Garanhuns que eu vivi

Otávio Augusto Cavalcanti

Otávio Augusto | Recife, 01/2009

Para mim, todos os meses em Garanhuns tinha algo que os ligava a minha forma de ser e eu sempre associava esses meses, as paisagens da cidade assim, por exemplo o mês de janeiro era um mês muito querido, primeiro porque tendo estudado história, aprendi que Estácio de Sá fundou a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro no dia 20 de janeiro, segundo, porque meu pai chamava-se Sebastião e lhe tinha uma profunda devoção, terceiro, porque era no mês de janeiro que se realizava no bairro da Boa Vista a festa de São Sebastião e que, naturalmente, não a perdia, pois ali encontrava os meus colegas de infância e de juventude e servia também de passa tempo para me divertir sem gastar dinheiro coisa que aliás, é bom que se diga, eu não tinha.

RUA DA LINHA

Nos primeiros anos de minha morada em Garanhuns, residi na chamada Rua do Recife, 207. Na verdade essa rua chama-se Dr. José Mariano e posteriormente fui morar na Rua da Linha, 134, que tinha como verdadeiro nome Rua Afonso Pena. Para me deslocar de qualquer uma das minhas moradas para a festa de São Sebastião, tinha que praticamente atravessar a cidade, pois passava pela Av. Santo Antônio seguia pela Rua Dom José, até chegar na Boa Vista. A Rua Dom José começa na Av. Santo Antônio e tinha como marco inicial duas casas comerciais que naquela época eram muito importantes para o comércio da cidade. Do lado direito ficava a Sapataria Moderna e do lado esquerdo a casa comercial do senhor Eurico Monteiro. Descendo por esta rua passávamos por algumas joalherias. Pequenas é verdade, mais muito bem postas a ponto de orgulhar a todos que como eu só tinha olhos de encantamento para as coisas daquela terra. Ainda na mesma rua tinha duas grandes casas de "secos e molhados", que eram as do senhor José Dourado e seus filhos e também um sobrinho chamado José Maria e a do senhor João Alves de Lima, que com seus filhos transformaram-se em grandes comerciantes do Agreste Meridional estendendo o seu poderio para o ramo de automóveis chegando ao Recife.

PADARIA SUISSA

Naquela rua também, tinha duas casas bancárias. O Banco da Lavoura, no qual um dos meus irmãos chegou a trabalhar e a Caixa Econômica que era excepcionalmente dirigida pelo inesquecível Raimundo Clemente. Também naquela rua, existia a Padaria Suissa e era também nela que morava o senhor e sua família Alberto de Bezerra Gomes que tinha duas ou três filhas e um filho com quem me relacionava bem, embora fosse ele bem mais novo do que eu.

Era na Rua Dom José, que nas quartas-feiras da Semana Santa no período de noite realizava-se uma feira de frutas e verduras e que servia, naturalmente, para que as donas de casa preparassem as suas feiras dos dias santificados e da própria páscoa. Essa época correspondia e da safra de pitombas e a estudantada travava uma verdadeira batalha jogando o fruto um no outro a ponto de prejudicar, como prejudicou o olho de uma irmã minha, que ainda hoje não consegue ver, por aquele olho, com a nitidez que ver pelo outro.

Finalmente para só registrar, quero dizer que era pela Rua Dom José que chegávamos mais facilmente à zona e por isso mesmo esse fato jamais pode ser esquecido.

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